quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

E se eu disser que o amor não existe?

     Se ele disser que teus olhos dizem que em tua alma falta algo, não seja tola. Se disser que sente sua falta, duvide com vigor. Se disser que só consegue dormir bem quando lhe tem em seus braços, não se entregue. É tudo parte desse discurso que se diz romântico, mas que é perverso. Galanteios encantadores, outros muito bem calculados para lhe atingir o ponto fraco, para lhe deixar vulnerável. É aí que você perde a cabeça, perde a razão, se perde no outro, sem chance de se encontrar. 
     Mas seria mesmo tudo tão manipulador assim? Essas nuances seriam mesmo todas falsas? Em meio a tantas palavras não há qualquer faísca de sentimento genuíno? Ah, não me faça perguntas tão difíceis. O dito sentimento hoje é, na verdade, sensação. E sensações são, por natureza de sua existência, passageiras. O que soa espontâneo nada mais é que um jogo criado  seja consciente ou inconscientemente  para preencher as lacunas da vida cotidiana, que em sua correria, passa e deixa tantos vácuos. Não é necessidade da alma, é puro preenchimento do tempo, é prazer, é brincadeira. 
     E se falar que não é possível sentir o amor quando não se acredita nele? Ah, balela. Essa história de que amor não precisa de esforço pra ser reconhecido talvez faça sentido. Ou simplesmente não exista amor mais. Aquela história adolescente talvez fosse mais uma criação, uma ilusão de completude que denominaste amor, mas que não existe. O que é que existiu eu não faço a mínima ideia; um calafrio que lhe afagou a nuca sem que pudesse realmente perguntar quem havia lhe tocado. Passou e foi, como se nunca tivesse existido  a não ser em tua fantasia. 
     E o que é tão difícil de aceitar nessas idas e vindas, nas hesitações de crer e 'descrençar', nos momentos que tanto titubeia e balbucia  quando dentro de si está aos prantos   que não acredita no amor? É angustiante pensar em assumir a morte daquela menina, daquele sonho ingênuo e infantil de que o amor existe e que colocará ordem no caos que enfrenta, que dará sentido para o que está solto em pedaços envoltos pelo furacão. Assumir que um sonho morreu, acho que é isto que é tão difícil. Viver com a dúvida talvez seja mais angustiante mas, ao mesmo tempo, mais reconfortante, pois que permite ainda uma busca perdida, e ora desenfreada, pelo que não se pode garantir a não existência. Como poderia eu dizer que não existe só porque nunca o vi? Só porque nunca o senti  Ou porque não o senti novamente? 
     Divagações sem resposta que atormentam incessantemente. Que outros sonhos tenho eu pra sonhar, do tamanho deste que tanto me move? Essa coisa da satisfação consigo mesma soa como uma masturbação depois que todos já foram dormir, um discurso dito libertário mas frustrado, como solteironas de 45 que ainda buscam seu grande amor.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

terça-feira, 11 de novembro de 2014

E se ela disser que cansou?


e uma vez mais
se entrega ao caos que tanto evita
que tanto deseja.
a vida pacata não foi feita para ela
a temperança é um valor distante.
entre esforços e devaneios
entrega-se novamente a ele
vive tudo que a sobriedade não lhe traz
e afunda-se em questionamentos do dia seguinte
a ressaca dos objetivos que não se cumprem
o vazio de pensar quase tê-los conseguido.
é desinteressante viver assim
ou é simplesmente desinteressante viver?
o que é isso de que tanto precisa
que sem
nada mais lhe emociona
nada mais lhe toca
nada mais importa?
resta-lhe o tédio quase mortal
ou a ressaca desmedida
a temperança cinza
ou o caos tão colorido
o vazio constante
ou o arrependimento certo da manhã seguinte
as faíscas de amor
ou a desolação da solidão.
repetitivo.
novas significações parecem não evitar mais do mesmo
parece premeditado
soa-lhe como caminhos diferentes
que chegam sempre ao mesmo lugar
esse lugar de insatisfação
em que de nenhum jeito está bom
e não tem outro jeito de ser.
chora e desiste
tenta de novo e falha
mas continua
porque sabe que assim tem que ser.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Compulsão à repetição

it's time to run away
run away from it all
from your empty words
from your futility
from our voids.
it's time we forget it all
and start a new life
all over again.
what if i could?
what would i do with my own life?
what would i do with useless pleasures?
what would i do with my addictions?
maybe if i could trade lives
trade minds
and reconstruct my thoughts
would all this be over?
would it actually be different?
or would i make it be the same again?
what would i do with all these urges
that make me regret myself 
weekend after weekend?
remains the wish
to put it all in my pockets
and purposely lose them
so i could create new urges
new desires
if my consciousness let me.
is there a way to do it?
i guess there isn't
and after all
we'll remain hostage
of our own sins.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Excessos

o excesso transborda
pede borda
pede limite
enquanto se aflige
em tensão
tesão
brutalidade da vida comum.
o excesso pede transcendência
tranquilidade
suavidade
que não chega
que grama nenhuma dá conta.
perdido
tonto
atordoado
em espirais vazias
de vazios.
confuso
difuso
entre cheiros e 
peles
reles
experiência passageira.
se não é fim do conto
aumenta um ponto
que ainda não foi o bastante
e teu peito ainda inchado
precisa esvaziar
se calar
que tá na hora de ouvir a razão
deixar a pulsão
e reorganizar a dinâmica 
dessa vida que não dinamiza mais
que se repete
sem freio nem receio
anseio ou reflexão.

terça-feira, 14 de outubro de 2014



entre incômodos e dúvidas. entre cômodas e gavetas.

transitório.
flutuante. 
temporário. 
fluido. 
efêmero. 
passageiro.
fugaz. 
volátil. 
provisório. 
momentâneo. 
contemporâneo.
esses contratos amorosos de fim de semana
esses interesses que somem em fagulhas de segundos
e que vazio é esse que sobra – que falta – na segunda-feira?
esse prazer que irrompe na testa com intensidade
e que se esfumaça ao fim de um cigarro
e o que é que o desejo quer?
cega de desejo
surda ao desejo
que é que ele diz?
entre momentos esquecidos
e toques travestidos de carinho
a repetição e a novidade se confundem
num ciclo sem fim
de pessoas
de bebidas
e cigarros.


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Questionamentos da vida moderna

O que que é esse lugar que a gente vive?
Que interessante é compartilhar foto de bunda de muié gostosa?
Que se não deu na primeira noite não vale a insistência?
Que se deu na primeira noite parece desinteressante demais?
Que se eu beijar uma menina num restaurante todos vão se escandalizar?
Que se falar de sexo num ambiente lotado deveria se envergonhar?
Que se disser que usa drogas deve ser sempre aos cochichos?
Que é melhor dizer que gosta de estar solteiro por na verdade não conseguir se apaixonar?
Que a quem não concerne quer saber se agora você gosta de chupar buceta?
Que se embebedar em festinha open bar é tranquilo mas quando vê um morador de rua bêbado chama ele de vagabundo?
Que mundo é esse que você não corresponde aos padrões de beleza mas quer a gostosa da foto que você compartilhou e que eu não estou interessada em ver?
Que mundo é esse, afinal?

E se eu não quero ver essa bunda que você postou?
E se eu não quiser dar na primeira noite?
E se não deu tempo de em uma noite você perceber que posso ser interessante?
E se eu beijar intensamente uma menina em público porque me deu vontade?
E se eu falar alto e dizer de “rola” ou de “chupar” qualquer coisa e todo mundo ouvir?
E se eu disser que álcool também é droga mas que prefiro outra substância?
E se eu disser que não consigo me apaixonar e que isso me frustra sim?
E se eu disser que você não tem nada a ver com a minha vida pra perguntar das minhas preferências sexuais só por malícia?
E se eu disser que você não é tão diferente do cara bêbado deitado na beira da calçada?
E se eu disser que você é feio e que é raso por procurar por uma dessas gostosas?
E se eu disser que não tem outro jeito, é só esse mundo que eu tenho pra viver por ora?

Se é assim, me desculpe, mas tá osso.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

[bad intuition 
and some overstatements]

what can i say
when something goes away
when a image breaks it all
when everything seems to be faded away
there's no mistake
there's nothing to make right
it's just the way it goes
when we wake up from a dream
that didn't had the time to be made
it's just the way it is
there's nothing new
except that feeling long gone
that good sensation
- that bad sensation -
of think we're falling
into or onto something we do not know
stop overthinking
stop overfeeling
and let things go
let things be the way they're supposed to be
and if this is a mistake
we'll pay even more this time
to realize that it may not exist at all.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014


distância muda

de repente me incomodo
pelo que era e deixou de ser
por um interesse que esvaneceu
por um olhar que se desviou
uma relação que se fez diferente
esvaziada ainda que presente
num tom de amizade que sinto
ainda que sem senti-lo realmente
num desentendimento do que teria mudado
o que teria feito
teria dito
que teria feito ficar diferente
que teria mudado de repente
e essas coisas de discutir a relação
não me apetecem nem nunca o fizeram
às vezes é deixar baixar a poeira
de uma ventania que passou
que nem ao menos tinha notado
às vezes é o tempo mesmo que diz
às vezes não diz nem esclarece
mas dá oportunidade de voltar a ser
mesmo que num silêncio meu
numa dúvida talvez só minha
resguardo o mesmo sentimento que nutri
e que esse entendimento ainda que mudo
seja recíproco.

domingo, 17 de agosto de 2014

[de depois]

e o que um dia era desgosto

vira confusão
é estranho demais
pensar em pessoas como veículos
veículos de desejos
desejos não sexuais
desejos de afeto
desejos de carinho
desejos do que não se constrói
do que se faz num toque
do que se faz num verbo
ou numa respiração qualquer
e no fim das contas
o desejo carnal por si só
é apenas carnal
e não satisfaz a alma
não enche os pulmões
não preenche a cabeça
e aquele questionamento
do que foi um dia
e se fora novamente
faz morrer por dentro
pois que não sei se será novamente
algum outro dia
não sei se ainda é busca pelo desejo
ou pela aceitação do que não se sabe possível
o dito imprevisível
não soa tão certo como se diz
e no meio do olho do furacão
é necessário ficar quieto por um tempo
pois que não há vento
e não se quer dar um passo
de volta para o caos dos cantos
revoltos e confusos novamente.

[de antes]

que desinteresse é esse

que me toma por inteiro
que me faz não querer amanhã qualquer
que sujeira é essa
que impregna no corpo
que banho nenhum tira
que coração nenhum esquece
que sujeito é esse
que não tem nome
que de repente some
que não quero mais saber
que vivência é essa
que esvazia
que não dá vazão
que não tem razão
que dia é esse
que começa sem pedir licença
que me obriga a abrir os olhos
que me tira da cama sem que eu queira
que desejo é esse
que a substância desperta mas
que não mata a ânsia
que não satisfaz a alma
que pessoa é essa
que me tornei de repente




segunda-feira, 28 de julho de 2014

(desses romances na modernidade)

e o que é isso
de viver de não-expectativas?
vida moderna
de prazeres intensos
olhares fugazes
de boemia sem sentido
e libertinagem à flor da pele
um não-interesse
não-desejo
não-futuro
e o que resta de romantismo
está nos sertanejos dos anos 90
amor bandido
faz mais uma vez comigo
uôu uôu

sexta-feira, 25 de julho de 2014

o que é uma vida medíocre?
o que é digno de ser chamado de amor?
de que são feitas as memórias do passado?
por que o terceiro sempre está no sonho?
por que isso vem dar o ar da graça agora?
o que leva a reviver coisas tão remotas?
o que faz com que o trabalho invada os pensamentos
entre um cochilo e outro?
o que é que precisa ser preenchido
para que algo seja encoberto?
por que é que aqueles cortes me mobilizaram tanto?
e que violência mansa é essa
que revive o que é morto?
- se é que um dia morreu -
e esse medo da morte?
e esse luto, se fez?
mais um dia abre os olhos e continua
na ânsia, no medo e na necessidade que se cria
de dormir novamente.

terça-feira, 15 de julho de 2014


[out of the ordinary]

make me scream, man
then shut me up
cover my mouth
while i struggle for air
make me forget
what this nonsense is all about
and if it's good as i can think
do me again in the morning
suck me all up
so i can go home 
thinking of the night before.



"tomorrow must be
more drink more dreams more bed more drugs
more lust more lies more head more love
more fear more fun more pain more flesh
more star more smiles more fame more sex"
The cure - Want

quinta-feira, 10 de julho de 2014


achados e perdidos

quando as coisas não tem espaço
e teus olhos vazios não enxergam
o que de mim desejo que tenhas.
um café da manhã pobre
sem café, sem xícaras
sem sexo
sem nexo
e de repente perambulo
sem rumo
sem prumo.
da janela vazia tu me olhas
e ponho sentido onde não tem
pois que tu não tens nem rosto
fosco
ofuscado
fantasiado
de roupas que nunca escolhi.
em cada detalhe deixo-me perder
sabendo que não vou me encontrar mais.
em cada sol que nasce
um desejo morre
e de pedaço em pedaço
entrego-me aos pedaços 
achados e perdidos
no meio da rua.

segunda-feira, 7 de julho de 2014



(uma parte do todo)

E desde quando há reciprocidade?
Troca como reciprocidade
ou como moeda de troca?
O que está a venda afinal?

segunda-feira, 5 de maio de 2014





Uma ode ao ódio

o que colocar no lugar do ódio
quando nada mais cabe?
quando não cabem novos amores
quando não cabe o esquecimento
quando não cabe mais nada
quando só cabe teu sofrimento?
saber que tua alma é vazia
não alivia a minha
e carma não é uma opção.
como aceitar que a miséria de suas ações
pudessem alterar tanto a essência de minhas crenças?
tu nem disto serias digno.
e há toda uma dificuldade de digerir
tudo isso que deixei de acreditar
e de repente
de mãos dadas
me sobe um calafrio
uma inquietude nunca sentida
de uma aproximação artificial
de uma falta de sentido que se une
no sentido de uma madrugada.
mas e se for pra ser assim
quando todas as fantasias caem por terra?
essa maré que leva
sem perspectiva alguma
soa assustadora
ou tristemente enfadonha.
se eu consigo viver assim? ainda não sei.

"I just need to figure out who I've become"
[dowsing]

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Don't mislead yourself thinking i'm talking about you.

suddenly i can't feel you, babe
i can't hear you
and everything gets blurry 
all those last words
didn't mean a thing.
my heart aches
'cause i can't feel anything
anymore.
i can't believe in your touch
'cause we all know you're all a bunch of lies
man after man piles up in beds os indifference
you have no purpose
you're filled up with empty intentions.
close your mouth
shut your lips
and kiss me
'till i forget it's all make believe.
but now
i have no drink in my hand
and i don't know 
how i can pretend anymore.

____________________________________________________________

some things happen to cause great pain 
but i can't forget about it all
i can't forget 'bout what i can't remember i've done
'bout the pain i caused
or how i let her beat me
but also
i can't forget how i stood up for myself
how your lies made me strong
at the same time that made me disbelieve the world
and in spite of all that
all those things are part of who i am now
and will help me 
while i walk in fire.

terça-feira, 18 de março de 2014


how can i feel you if i don't know you, babe?
we're running like hell
but we're running towards nothing
towards ourselves
towards our pleasures
living in a high speed race
avoiding our voids
and in this everyday nonsense
we find ourselves naked
while we undress our souls
and live for the moment
as the sun sets on our faces
burning every dream left behind.

i could pretend i believe in these lust dreams
but we all know that deep inside
i keep embracing little details
of your faces when i sleep.

now, wait for me
and let's run this road together, man.


segunda-feira, 10 de março de 2014


o que tem essas segundas
que despertam tanto 
e adormecem tanto 
ao mesmo tempo?
depois de dias invernados em velocidades
a desaceleração é brusca demais
e tudo para
o tempo para
a memória para
e o que se cria no vácuo
enquanto se tenta evitar pensamentos?
e foi que passei na porta do cemitério
e espiei de longe aquela obra que há tanto tempo me fascina
mas é preciso voltar ao trabalho
e não há tempo de parar e mirá-la por alguns minutos
nem sentir aquela paz
nem pensar em tudo que morreu
nos sonhos que se foram
nos desejos que estão indo
nem pensar nos outros que surgem para ocupar o tempo
e a cabeça.
muito se descobre
nesse intervalo entre sonhos e pesadelos
mas outro tanto ainda está mal enterrado
faltam-lhe alguns golpes de pá
até que falte ar para o que já morreu.
e as coincidências são irônicas demais, não?
realmente não são pessoas, 
são castelos.


"Well go get your shovel
And we'll dig a deep hole
To bury the castle, bury the castle"
[paramore]

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


conte-me algo que eu acredite
sinto dizer mas você não conseguirá
não importa
vamos correr
nossos braços estão pendurados ao lado de nossos corpos
mas eu não preciso pegar na sua mão
o que é que te faz sentir vivo?
saúde é uma questão de opinião
o que sobra desses futuros incertos
senão o agora?
tudo é excessivamente volátil
vamos conversar fiado
e esquecer os nossos desejos
já estivemos lá
e ambos sabemos que não tem graça
a vida não é um filme de besteirol americano
que o hoje seja lembrado como uma história engraçada
mas esqueça os romances
quem ainda acredita no amor?
agora é nossa vez
de lembrar que existimos por nós mesmos
e nada nos fará parar
nessa ilusão de que estamos correndo pra algum lugar
quando damos passos dançantes para o lado
e que isso não seja motivo de preocupação
a idade já não é mais um problema
esqueçamos de tudo agora
fechemos nossos olhos
e ouçamos essa música juntos.



"Teach me how to feel
And how to scream and recreate
If I could swarm in the victorious
I’m blowing to the wind"
[ funeral suits]


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Não é uma música triste
é um ritmo levemente animado
de pretensões abandonadas
de sonhos que se obrigavam ao desejo
mas que parecem ter ficado de lado.
Deixemos os discursos catastróficos
vamos dançar ao ritmo da música
meus pés não ficam parados
e desejo tua boca na minha
enquanto esquecemos tudo o que um dia passou.
Quero viver um romance de jardim de infância
vamos andar de mãos dadas
e dar beijos que escandalizarão as pessoas ao redor.
Deixe-me imaginar
correndo e rindo em campos floridos
como naqueles clipes felizes da tv
e seu cabelo esvoaçante se encontra com o meu.
Menina, deixa eu ser tua namorada
e vamos ter oito anos de novo.


"You're going to find it hard to cope with living on your own now
Uh oh! Uh oh!
Let's make this happen, girl
You gonna show the world that something good can work
And it can work for you"
(two door cinema club)



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

How can you still look her in the eyes
and say it has always been her?
How can you look me in the eyes
and say what we lived wasn't a lie?
You can beg her
You can even pretend you cried
and you still wouldn't need that
'cause she'll forgive you
and take you back.
But I'll always remember
all the lies you told me
all the excuses you gave me
all the times you were sticking your fucking dick in both of us
I'll remember all that
and know you have never deserved me
or any of my love.
And if I couldn't love you more
it was because you didn't let me
'Cause we all know
you're incapable of love.

You might say I'm being overly dramatic
You can say I'm trying to cope with this self-pity speech
It doesn't matter
'cause there's certain things I need to get out of my chest
while I can't punch yours.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Esse é pra você ler mesmo.


Sobre um câncer.

Você só compreende mesmo o que é uma personalidade perversa até conhecer uma de perto. Tudo que você lê nos livros, aprende nas aulas de psicologia ganham sentido real quando você convive. E não tô falando de filhadaputagem não, não tô falando de gente que faz merda, porque isso tem a rodo. Digo perverso não como adjetivo, mas como estrutura de personalidade. Toda manipulação, mentiras, aquela forma que o perverso tem de seduzir e fazer com que as pessoas ignorem erros, não percebam pequenos detalhes que depois – talvez, algum dia – acabam por ser descobertos e demonstram a grande manobra que fazem. Os sentimentos das pessoas são irrelevantes, as pessoas que dizem amar são todas "substituíveis" (sic), os amigos são apenas pessoas ao redor, não têm valor, afinal, "melhor sozinho que mal acompanhado" (sic). Como se seu eu se bastasse. Narcisismo sem tamanho. No fim das contas, as pessoas são objetos a se manusear a fim de satisfazer o próprio ego, aquilo que chega a confirmar com todas as letras quando diz que o mundo gira em torno de si mesmo. É de um egocentrismo inominável. Aquela história da incapacidade de amar, da ausência de sentimentos afetuosos, da falta de sentimento de culpa ou vergonha pelas atitudes que tem, aquele jeito de fazer com que o outro se sinta culpado para poder se safar das atitudes que forja, tudo isso... Pode ter sido ingenuidade, mas reconhecer um perverso depois que se está no meio da sua rede de manipulação, depois que já se tornou massa de manobra de seus desejos vis, não é algo fácil pra quem nunca esteve nessa posição. Bom, do que foi, sobra algum aprendizado. Raiva? Por incrível que pareça deveria estar sentindo mais, mas eu tenho pena, pena da infelicidade de uma pessoa que vive assim, que vive de enganar e no fim das contas engana a si mesmo quando finge estar satisfeito com a vida que tem. Pena das pessoas que engana e que caem uma e tantas vezes repetidamente no mesmo enredo que se cria, deixando-se enganar pelo discurso aparentemente tão sincero de um eu frágil. Mas por trás desse circo todo, se esconde o olhar de um infeliz.
Um câncer, que não me pertence mais.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A questão não é essa. A questão é outra. A questão é o que se perde nas palavras que não foram ditas. O que se distorce naquelas que foram. O que não se compreende por um pensar tão egoísta. É no vão entre tua boca e meus ouvidos que a palavra se perde. As letras dançam em movimentos de ula ula e sobressaltam os significados almejados. Uma confusão toda desnecessária nesses monólogos a dois. E quão grande seria o desejo de ser entendido? Talvez não tão grande assim, pois que entender a tudo poderia ser pior. Talvez a imaginação preencha esses espaços vazios em que a palavra se perde. E quão grande é essa necessidade de dizer? Esse desejo de fazer com que esses pensamentos habitem outras cabeças, ou ao menos cruzem saltitantes essas voltas de suas orelhas, mesmo que logo deixem de ali estar. Mas você entendeu tudo errado. Eu entendi tudo errado também. Pois sabemos que a palavra não dá conta, mas ela conforta com abraços que um abraço às vezes não consegue. O porquê de uma necessidade tão grande de dizer? Na dúvida que corrói os dedos na indecisão de pressionar o "enviar", de mover os lábios e soltar a voz que tenta se conter, entrego-me ao desejo, mesmo que momentâneo e tão titubeante, de dizer. De dizer o que é tão fácil de se compreender e de estar disposta a desenrolar todo o emaranhado de significados inventados no tropeço do uso das palavras, na interpretação apressada ou fantasiosa de um tom de voz que soou capenga. Essas maquinações e engodos criados para ocultar o que realmente devia ser dito são uma perda de tempo, ocultam mais do que o que desejam esconder, ocultam o próprio propósito a que foram criados e, mais uma vez, o sentido se perde. Talvez estejamos todos perdidos, perdidos nas palavras que deixamos de dizer, imbuídos e impregnados por demais em nossos próprios pensamentos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Quando estou aqui, engolida por textos e teorias, por tantas palavras que deveriam ser apenas mais uma obrigação acadêmica, me pego em delírios e divagações. A repetição, a distância... Os dois lados da moeda: a repetição como reprodução de um cotidiano vazio, uma compulsão dolorosa que insiste em reaparecer; e a repetição como possibilidade de criação, de mudança. Dizem que fazer a mesma coisa esperando resultados diferentes é burrice. É. Faz sentido. A confiança na resolutividade das coisas através da palavra se esvai com o tempo. Tem certas coisas que as palavras não dão conta entre a gente – entre a gente. Pois que dizer isto contraria muito as minhas crenças. Não digo, entretanto, apenas da palavra dita, mas da palavra sentida, da palavra tocada, da palavra pensada nessa distância entre dois, nesse precipício que existe entre a minha mente e a tua. Não vou acreditar nas palavras de outrem, acredito na tua palavra  – aquela, criada na minha cabeça. Se essa coincide com o que tu pensas nunca saberei, pois que falar parece tão difícil... Me envolvo, me machuco, me reergo, esqueço-me de tudo, me envolvo e me machuco novamente. Quem disse que diálogo resolve tudo não conheceu algo semelhante a nós dois. Mas se não o diálogo, o quê? Vou enterrando tantas instâncias pendentes, sabendo que voltarão como mortos-vivos a me perseguir em breve, revolvendo-se em terra, encrustados da sujeira desse passado presente. Mas essa compulsão à repetição se instala, e não sei dizer por quê, visto que nunca – realmente nunca desta forma tão consciente – havia passado por algo desta ordem, do doloroso que se impõe em benefício de um êxtase inominável. Realmente sem nome, pois ainda não entendo sua natureza ou o que me prende a isto. É do prazer de um momento que passa, é da segurança tão incerta em teus braços. Continua parecendo burrice quando da análise objetiva dos fatos, mas há algo de um prazer que me engole nessa repetição.