domingo, 9 de fevereiro de 2014

Esse é pra você ler mesmo.


Sobre um câncer.

Você só compreende mesmo o que é uma personalidade perversa até conhecer uma de perto. Tudo que você lê nos livros, aprende nas aulas de psicologia ganham sentido real quando você convive. E não tô falando de filhadaputagem não, não tô falando de gente que faz merda, porque isso tem a rodo. Digo perverso não como adjetivo, mas como estrutura de personalidade. Toda manipulação, mentiras, aquela forma que o perverso tem de seduzir e fazer com que as pessoas ignorem erros, não percebam pequenos detalhes que depois – talvez, algum dia – acabam por ser descobertos e demonstram a grande manobra que fazem. Os sentimentos das pessoas são irrelevantes, as pessoas que dizem amar são todas "substituíveis" (sic), os amigos são apenas pessoas ao redor, não têm valor, afinal, "melhor sozinho que mal acompanhado" (sic). Como se seu eu se bastasse. Narcisismo sem tamanho. No fim das contas, as pessoas são objetos a se manusear a fim de satisfazer o próprio ego, aquilo que chega a confirmar com todas as letras quando diz que o mundo gira em torno de si mesmo. É de um egocentrismo inominável. Aquela história da incapacidade de amar, da ausência de sentimentos afetuosos, da falta de sentimento de culpa ou vergonha pelas atitudes que tem, aquele jeito de fazer com que o outro se sinta culpado para poder se safar das atitudes que forja, tudo isso... Pode ter sido ingenuidade, mas reconhecer um perverso depois que se está no meio da sua rede de manipulação, depois que já se tornou massa de manobra de seus desejos vis, não é algo fácil pra quem nunca esteve nessa posição. Bom, do que foi, sobra algum aprendizado. Raiva? Por incrível que pareça deveria estar sentindo mais, mas eu tenho pena, pena da infelicidade de uma pessoa que vive assim, que vive de enganar e no fim das contas engana a si mesmo quando finge estar satisfeito com a vida que tem. Pena das pessoas que engana e que caem uma e tantas vezes repetidamente no mesmo enredo que se cria, deixando-se enganar pelo discurso aparentemente tão sincero de um eu frágil. Mas por trás desse circo todo, se esconde o olhar de um infeliz.
Um câncer, que não me pertence mais.

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