sábado, 27 de outubro de 2012



não coincidente
dissidente
confuso e precoce
simplesmente distinto
sinto
sento
e penso
intensidade
não pronuncia qualidade
intensidade também esmaga
num furacão de exageros narcísicos
desejos ilusórios
anteriores à oralidade
remetem à única plenitude
uma vez sentida
nas vísceras do corpo não delineado
e como queres que eu explique isso?
a patologia de uma vida inteira?
como minhas peles
numa deliciosa automutilação
canibalismo da própria existência
ininteligível
explicações
simplesmente não cabem
não se bastam sozinhas
nem acompanhadas
de discurso racionalizante
então te cala
que o silêncio explica
ou deixa esvair
o que precisa dar vazão
o que precisa diluir
o que precisa esvanecer

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A vida de boemia
de ébrios sem memória
sem história
de lembranças brancas
acinzentadas
de vivências embaçadas,
da fissura do viver
da monotonia da sobriedade.
Cadê tua fumaça
cadê tuas mulheres
sem rumo hoje
a procura de destino.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012


divagações exageradas de uma noite sozinha

todo nosso caos me confunde
esse nome criado
na fachada da minha cara
acabou se condundindo mais agora
o que é pra mim
não é coincidente
com teu jeito ferdinando
tua carência
que não transparece dependência
tua liberdade me transpõe
perco a carona que você me deu
abano a mão sozinha sem retorno
sem contorno
sem explicação
sem palavra trocada
só o silêncio do não dito
pelo dito
pelo imaginado
pelo pressentido
pelo pressuposto
escutarei tuas desculpas
e aceitarei pelos motivos errados
pelos motivos chulos
da minha patologia
que já me assola
tão logo deixei entrar em contato
com a intensidade que me move
que me dá vida
e que me esmaga
na angústia de mim mesma
do meu vazio