domingo, 23 de dezembro de 2012


as lembranças se misturam
num misto de personagens tão diferentes
e tudo vira uma memória só

de tardes nas quais o por do sol
dava um tom amarelo às nossas peles
e o teu braço encostado no meu
fazia-me sentir viva
de copos fundos e redondos
daquele lugar que eu nunca gostava de ir
do sexo
uma fusão de corpos
e de consciências que se perdiam
e flutuavam
sem delineamentos
dos dias que bebemos aqui em casa
e você não sabia abrir a gaveta do congelador
e tudo parecia estar criando um rumo
que não sabíamos qual era
mas que você fingiu acreditar levianamente
do teu jeito bobo de chorar
de quando discutimos pela primeira vez
e você surtou
e parecíamos um casal
do dia que te liguei
e você me abraçou forte
porque eu estava desesperada
depois de tamanha merda que havia feito
do teu cabelo enrolado
e dos filhos que eu imaginava
da sensação de voltar à tua casa
e dos tsurus que eu fiz pra você
mas nunca deixei no teu carro
da sensação de completude que sentia ao teu lado
de tuas paixões 
que despertaram paixões que ainda perduram em mim
do teu jeito sem atenção
que era meigo
mas não mais
perdeu teu brilho
e criamos uma dança de morte
na qual continuo a me enganar
e fingir que você tem algum lugar em mim
mas não tem
é só buraco
e você não merece
é só solidão
é falta
de pés roçando os meus
deitados na cama juntos
sem fazer nada
apenas passando o tempo
tudo isso já foi
e não volta mais

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012




pena que é você quem tem o controle sobre o isqueiro
tu não sabes fazer uso do que te faz medo
desiste 
tu és fraco
és covarde
tu inflas teu ego
pra não ver teu próprio vazio
tua insignificância
e assisto tudo de camarote
nunca esteves tão errado em toda tua vida
arrepender-te-á quando for tarde demais
whatever
you'll still be my dark dream
that dream that should never come true
i hope
i hope not
cry, son
cry
'cause i know you wanna
'cause i know you need it
'cause you'll stay in shit 'till you realize you're not that good
and I'm more than good for you, babe
someone love you more than you do, belive me

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Minha homenagem a você

Tenho visto muitas e muitas fotos no facebook de pessoas que tanto gostavam do Luiz. Por um lado fico feliz pois vejo como ele era amado por tantos, por outro fico triste cada vez que vejo uma fotinha dele, pois dói no peito lembrar... acho que ainda fica aquele sentimento de que ele tá viajando e um dia vai voltar, não sei. Mas venho aqui fazer minha homenagem a você, aqui neste cantinho que eu reservei pra falar das coisas mais profundas que sinto...

Por mais que não conhecesse você há tanto tempo, havia me aproximado muito de você. Lembro do primeiro dia que fui pra sua casa e ficamos conversando até as 7h da manhã, mal te conhecia e já me apaixonei tão fácil por esse seu jeito lindo de ser. 

Digo que vai fazer muita falta, todos os dias que saíamos pra balada, pra tomar uma cervejinha no boteco, ou mesmo quando não nos encontrávamos mas trocávamos trocentas mensagens durante toda a semana, nos intervalos dos meus estágios, contando das descrenças da vida, das fofocas, dos momentos bons, dos tédios das tardes ou simplesmente não falávamos de nada em especial, contando o que eu ia comer aquela tarde, o que estávamos fazendo ou do médico bonito que não olhava pra mim... Sentirei falta de todas as vezes que você me chamava de carinhosamente de bskt e eu retornava o 'elogio', mandando você parar de frescura e sair comigo.

Vou lembrar do seu abraço gostoso, da sua alegria que sempre invejei e que agora sinto que realmente era seu traço mais admirável. E lembro de quando ficava chorando minhas pitangas e você mandava eu "esfregar a perereca no asfalto". Esse era você, todo bobo e alegre tentando me passar um pouco dessa felicidade de viver.

Ainda é difícil acreditar, aceitar tudo isso, mas acho que quando decidi me despedir de você, e pegar na sua mão, e tocar o seu rosto, foi naquele momento que sinto que pude realmente me despedir. 

Sempre lembrarei de você Luiz, sempre sorrindo. Te amo.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012


i wish you could understand 
what i cannot explain
i wish you could feel what i feel
when i look into your eyes
when i look into you
that intense feeling
that i cannot describe
that makes me move towards you
without even knowing why
and this just frightens the life out of me
but i can't stop seeing
that fragile and defenseless child
that i've made up in my mind
and that i would like to get in touch
even though i know
you don't want to let your guard down
i know i'll splinter 
i know i'm walking barefoot in glass
and i know it will last
'till the fire's out
'till you get tired of swallowing the smoke
or 'till i choke it all out
but i still wanna do this
for now

sábado, 27 de outubro de 2012



não coincidente
dissidente
confuso e precoce
simplesmente distinto
sinto
sento
e penso
intensidade
não pronuncia qualidade
intensidade também esmaga
num furacão de exageros narcísicos
desejos ilusórios
anteriores à oralidade
remetem à única plenitude
uma vez sentida
nas vísceras do corpo não delineado
e como queres que eu explique isso?
a patologia de uma vida inteira?
como minhas peles
numa deliciosa automutilação
canibalismo da própria existência
ininteligível
explicações
simplesmente não cabem
não se bastam sozinhas
nem acompanhadas
de discurso racionalizante
então te cala
que o silêncio explica
ou deixa esvair
o que precisa dar vazão
o que precisa diluir
o que precisa esvanecer

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

A vida de boemia
de ébrios sem memória
sem história
de lembranças brancas
acinzentadas
de vivências embaçadas,
da fissura do viver
da monotonia da sobriedade.
Cadê tua fumaça
cadê tuas mulheres
sem rumo hoje
a procura de destino.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012


divagações exageradas de uma noite sozinha

todo nosso caos me confunde
esse nome criado
na fachada da minha cara
acabou se condundindo mais agora
o que é pra mim
não é coincidente
com teu jeito ferdinando
tua carência
que não transparece dependência
tua liberdade me transpõe
perco a carona que você me deu
abano a mão sozinha sem retorno
sem contorno
sem explicação
sem palavra trocada
só o silêncio do não dito
pelo dito
pelo imaginado
pelo pressentido
pelo pressuposto
escutarei tuas desculpas
e aceitarei pelos motivos errados
pelos motivos chulos
da minha patologia
que já me assola
tão logo deixei entrar em contato
com a intensidade que me move
que me dá vida
e que me esmaga
na angústia de mim mesma
do meu vazio