terça-feira, 26 de fevereiro de 2013



uma dor sem nome
sem forma
sem contorno
que toma conta
e rompe com o cotidiano
e o único som que ouço
é o soluço.









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nessas horas penso na exaustão das obrigações esmagadoras de sentimento. foram dois dias sem pensar, sem sentir. entregue ao sono porque o corpo já não mais aguentava. e é só dar alguns segundos de descanso, que tudo vem à tona. volta ao trabalho. volta ao automatismo e não sinta. até que machuque seu pé novamente.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013




joga fora tuas bitucas
desiste dessa nicotina
esqueças que um dia as pôs na boca
e joga tudo fora
não as use a seu bel-prazer
não quero fazer parte de tua cena vulgar
não quero me amontoar junto às outras
não sou tua guimba
não sou resto 
pra ser consumido quando a necessidade aperta
quando o desespero bate
só me poupe de ainda estar presente
que seja em fantasia
jogue todas no lixo
e fim da papo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013



Desabafo de um pé machucado

De repente você se vê tão imbuído nas suas obrigações, nos seus compromissos, que nem para pra pensar o que te mobiliza agora, não para pra sentir porque não dá tempo. E então, no caminho para a casa da paciente, você aproveita alguns minutos para ouvir umas músicas e, sem mais nem menos, começa a chorar, e relembrar momentos causuais, que soariam insignificantes, se não fosse o choro que derrama. E você não entende de onde surgiu isso, aonde estava esse sentimento que você não estava cônscio, e que está presente agora. Mas é tarde, é hora de engolir tudo. Desliga a música e vai atender, tenta fazer ausentar teus problemas do campo transferencial, pois é necessário algum tipo de contenção. E aí você vai embora, não pensa em mais nada e volta pra casa, volta para os afazeres, para as obrigações. Está ficando tarde e está tudo atrasado, até que você é interrompido. Bate o pé na cama. A dor parecia absurda, mas mal cortou a pele. E, novamente, de repente, você começa a chorar. Sem saber o motivo. De novo. É interessante o tipo de proteção que a pele traz ao corpo, protege a mente. É muita tensão, é muita pulsão que precisa ter um caminho de fuga. E é na rachadura da pele que tudo se solta, tudo vem à tona, tudo dá vazão, mais que intensamente. Enquanto você estava do outro lado do dique, não sentia nada, não se molhava, mas subitamente se vê encharcado, de tanta água que não sabia existir ali. É nos pontos de fenda que você volta para si e percebe o quanto não se percebe, o quanto é engolido pelo cotidiano esmagador. Me lembra a vez em que aquele cachorro me mordeu, outro arrebatamento, outro dique de lágrimas que fora rompido. Não quero precisar da dor da pele pra poder sentir a dor da alma. Vem de frente que eu te encaro.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013


mimimis de uma vida vazia


falta escrúpulo
falta bom senso
falta o amor
faltam abraços fortes
faltam conversas interessantes
faltam pessoas interessantes
falta o preenchimento
falta sentimento
falta cuidado
faltam pessoas
na verdade,
falta pessoa.
e o vazio excede
o álcool excede
a solidão excede
a falta excede
a diversão desenfreada e sem sentido excede
excede e derrama
excede e não preenche a falta
que excede ainda mais.



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eu estou é cansada desses prazeres momentâneos, desses movimentos sem sentido, desse correr em círculos porque não tem pra onde correr. nunca vou entender como alguém se basta com isso. e é no entorpecimento que a gente esquece a falta, faz suas loucuras, esquecidas depois, e, no outro dia, o vazio volta, tudo volta, e você continua no mesmo lugar. é meio deprimente se sujeitar a tudo isso. passou da hora de abraçar a falta, e viver feliz com ela.