sexta-feira, 17 de maio de 2013




e era só mais um dia
só mais um beijo
só mais uma boca
no silenciamento da não intimidade
ou da intimidade familiar demais
quando tudo se apaga
e nada mais tem graça
perde o brilho
e os lábios não se tocam mais
não se querem mais
as vozes não se ouvem mais
as letras somem
e os desejos irrealizados permanecem
inertes
ou fluidos demais
e tudo se perde nesse vazio estranho
no vácuo do sentimento incompleto
dos prazeres não sentidos
das palavras não trocadas
das histórias nunca contadas
que ficam pra trás
sem nunca pra frente terem ido
paralisia confusa
que não sabe o que dizer
nem o que pensar
confusa
por frases ditas pela metade
e por tantas outras ditas tão inteiramente
e tão claras
que é melhor não lembrar
pois o entremeio entre intimidade e casualidade não existe
se está lá ou cá
e nunca ao mesmo tempo
em ambos
nem ao mesmo tempo
que eles.

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