domingo, 14 de abril de 2013



São momentos sem contexto como esse que você sente uma coisa estranha, uma sensação, um sentimento vago, quase ininteligível, difícil de reconhecer. É a segunda vez esta semana. Este agora com menos intensidade, mas perdi as palavras que descreveriam aquilo tão bom que senti na sexta-feira. Não importa. Acho que tem a ver um pouco com a pausa, o momento tomado para si, em minutos e olhares pelas ruas em que as coisas parecem fazer mais sentido que o normal - sendo que no estado normal as coisas não parecem fazer sentido qualquer. Uma sensação de completude, de satisfação confusa, incompleta mas inteira. A completude na falta; no desejo de que as coisas sejam diferentes; uma completude faltosa. Mais estranho que sentir isso é pensar de onde surge, do buraco que se sente? da companhia de pessoas estranhas? da companhia de quem não quero a companhia? da falta de quem eu quero? da ressaca e tontura que sentia durante o atendimento? Mas de repente todo passado é lembrado com carinho, mesmo com os tantos "nãos" ditos, as tantas frustrações, consigo lembrá-los de uma forma gostosa e meio sublime. E bate uma saudade dos amigos, uma vontade de ver, viver e abraçar. E as festas loucas, e as pessoas loucas, tocando, gritando, cantando, tudo num caos estranho de se viver sóbria... e hoje quero o descontrole do que me atingiu em outro nível ontem. Quero um descontrole do corpo, do abraço, da música... mas hoje não é dia mais. Já foi. E a droga não atingiu como atingira os outros. Mas tudo bem. Está tudo bem. Acho que pensar nas pessoas me deixa bem. Não sei, acho que esse texto também está meio desordenado, como foi ontem, ver aquelas coisas e lembrar de tudo, e não deixar o vício tomar as memórias de mim. No fim das contas nada faz sentido mesmo, mas por ora tem sido bom sentir a satisfação paradoxal da falta de sentido da vida. O que fica é a vontade de dar um abraço forte e longo nas pessoas, nos amigos que sinto falta, nos que talvez um dia serão e nos que não conheço bem. Um abraço que às vezes não tem espaço no meio da vida cotidiana, um espaço que precisa ser criado, pois estou bem e queria entrar em contato com as pessoas de uma forma menos falada e mais sentida, sentida no corpo, sentida num nível de consciência diferente daquele que nos toma normalmente, num nível que transcende a alma e toca numa intensidade diferente. Palavras um tanto confusas, mas que me representam agora.

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